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Como as criptomoedas podem proteger os investidores brasileiros das turbulências do cenário político nacional

 Como as criptomoedas podem proteger os investidores brasileiros das turbulências do cenário político nacional WikiBit 2021-09-27 17:00

Como as criptomoedas podem proteger os brasileiros da Polarização política e distúrbios sociais que crescem à medida que as eleições presidenciais de 2022 se aproximam, aumentando as incertezas sobre as perspectivas econômicas do Brasil em um futuro próximo.

  Caio Prati Jobim

Como as criptomoedas podem proteger os investidores brasileiros das turbulências do cenário político nacional

  Polarização política e distúrbios sociais crescem à medida que as eleições presidenciais de 2022 se aproximam, aumentando as incertezas sobre as perspectivas econômicas do país em um futuro próximo.

  Notícias

  A história do Brasil é marcada por uma sucessão de crises políticas que tiveram impactos diretos sobre a atividade econômica e a cotação da moeda nacional. Em um momento em que o país encontra-se polarizado entre duas correntes políticas totalmente opostas e sob constantes ameaças ao estado democrático, temores sobre os possíveis efeitos da política sobre a economia estão novamente na ordem do dia.

  Acrescente-se a isso uma economia global fragilizada pela pandemia do coronavírus e o risco de insolvência do conglomerado chinês da construção civil Evergrande, cujos efeitos negativos podem ser ainda mais fortes no Brasil do que no resto do mundo, devido à dependência comercial que o país tem de seus negócios com a China, e a situação local torna-se ainda mais preocupante.

  De acordo com Rafaella Baraldo, Cofundadora da Pods Finance e Thata Saeter, Diretora de Operações da Convex Research, hoje, a convulsão política e o cenário internacional tornam a relação risco-retorno das opções de investimentos tradicionais bastante desfavoráveis aos investidores brasileiros.

  Os juros, apesar de estarem em alta, são praticamente anulados pela inflação para quem investe em renda fixa. Por sua vez, os juros longos prejudicam tanto os preços das ações de companhias locais listadas na bolsa como também desincetivam o investimento de na atividade produtiva.

  Some-se a isso o baixo crescimento econômico, a alta da inflaçãoe o endividamento crescente, acentuado pelos gastos extraordinários para conter os efeitos da pandemia, fica difícil para o investidor decidir-se pela melhor estratégia.

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  Diante deste cenário, com uma crise institucional entre os três poderes da República e eleições presidenciais no horizonte, as criptomoedas podem oferecer um refúgio para parte das economias da população brasileira.

  Porém, advertem as especialistas ouvidas pelo Cointelegraph Brasil, para se configurarem de fato como um instrumento de hedge, os ativos digitais devem se encarados como um investimento de longo prazo, para além de ciclos políticos e expectativas de retorno imediato.

Setembro quente

  O mês de setembro que agora se encerra foi marcado por um aumento sem precedentes das tensões políticas e sociais com os atos públicos convocados pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no dia da Independência e a invasão da Bolsa de Valores por militantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) na última quinta-feira.

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  As manifestações de 7 de setembro culminaram com ataques diretos do presidente aos ministros do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, e a ameaça de Bolsonaro de que não acataria eventuais decisões do órgão que lhe fossem contrárias tiveram um impacto imediato sobre o mercado.

  No dia seguinte, o dólar subiu quase 3% e o ínidice Ibovespa caiu 3,78%, na maior queda desde 8 de março, quando o STF anulara todas as condenações ao ex-presidente Lula relacionadas à Operação Lava-Jato. Com a decisão, o líder do PT (Partido dos Trabalhadores) recuperou os seus direitos políticos, abrindo caminho para uma possível candidatura à presidência nas eleições de 2022.

  Ou seja, dois acontecimentos intimamente ligados ao futuro político do país tiveram influência direta e imediata sobre o comportamento do mercado, antecipando possíveis turbulências no cenário econômico brasileiro a partir do momento que a disputa entre Lula e Bolsonaro, respectivamente primeiro e segundo colocados nas pesquisas de intenção de voto para presidente, tornar-se um embate direto pelo cargo máximo da República.

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  Já o ato simbólico da invasão da B3 por integrantes do Movimento dos Trabalhadores sem Teto na quinta-feira não teve nenhum impacto sobre o humor do mercado. Na ocasião, o Ibovespa registrou alta intradiária de 1,59%, o terceiro fechamento positivo consecutivo, mostrando que o Risco Brasil concentra-se mesmo nos altos escalões da República.

  Ultimamente, até mesmo o Ministro da Fazenda, Paulo Guedes, manifestou incômodo com o acirramento das tensões políticas provocadas pelo comportamento errático do seu chefe. Em 10 de setembro, falando a investidores estrangeiros em um evento virtual promovido pelo banco Credit Suisse, Guedes reiterou sua fé sobre a retomada do crescimento da economia brasileira, mas ponderou que o cenário político poderia ser mais favorável:

  “Todo esse barulho sobre instituições e democracia pode afetar nossa bem posicionada economia, no sentido de que estamos prontos para avançar novamente? Minha resposta é que isso pode produzir muito barulho, desacelerar o crescimento. Mas não mudar a direção [da política econômica], estamos na direção correta”.

  Quatro dias depois, em um evento promovido pelo banco BTG Pactual, o ministro relacionou a crise política à sobrevalorização do dólar ao dizer que a moeda norteamericana “já era para estar descendo, mas o barulho político não [a] deixa descer.”

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Criptomoedas como hedge

  Para Rafella Baraldo e Thata Saeter, a proteção de um portóflio em momentos de instabilidade política deve privilegiar ativos que se configurem como reserva de valor.

  Historicamente é o ouro que cumpre essa função. Baraldo destaca ainda que o metal precioso pode oferecer uma proteção adicional contra a desvalorização da moeda dos EUA:

  “O ouro tem performado de forma contrária à emissão de dólares nos Estados Unidos. Para alguns, é uma boa forma de limitar o alcance de uma potencial crise com o dolar Estados Unidos.”

  Ambas também destacam que as criptomoedas podem ser uma alternativa interessante, desde que entendidas sob a perspectiva correta.

  Tanto o ouro quanto o Bitcoin (BTC) não têm uma correlação direta com os mercados tradicionais, salvo em situações extremas, por serem transnacionais e não estarem expostos a fatores de volatilidade comuns aos mercados tradicionais, conforme destacou Thata Saeter:

  “Para lidar com risco Brasil e risco do sistema financeiro mundial, é essencial ter Ouro e Bitcoin. São reservas de valor úteis em momentos de grande incerteza e de ciclos econômicos desfavoráveis, em que as autoridades monetárias inflacionam ativos na tentativa de lidar com a crise.”

  Baraldo entende que as criptomoedas não são um instrumento de hedge no sentido clássico, mas sim um investimento de longo prazo em uma tecnologia nascente e no potencial que ela tem.

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  Ela sugere que o investimento em cripto deve envolver apenas um pequeno aporte de capital e deve ser pensado em um horizonte de 10 anos, independentemente das incertezas políticas momentâneas:

  “Manter 5% da carteira alocada em cripto pode não ser o ideal para proteger seu portfólio no período de 1 ano (até as eleições por exemplo), porque o mercado cripto tem seu próprio ritmo e é, sim, muito volátil. Especialmente nesta fase tão inicial de seu desenvolvimento. Isso significa que pode se desenrolar um cenário onde seu portfólio de BRL caiu por conta do cenário macro, no Brasil ou no mundo, e, simultaneamente, seu portfólio de cripto caiu por uma dinâmica própria do mercado cripto. Mas se ainda assim um investidor quiser usar cripto para proteger seu portfólio no curto prazo, eu sugeriria o uso de derivativos para limitar o potencial dano que a posição pode ter no período.”

  Entre as criptomoedas citadas por Baraldo como ativos de proteção figuram apenas o Bitcoin e o Ethereum (ETH). Apesar da volatilidade sujeita a dinâmicas pouco entendidas mesmo por especialistas do mercado cripto, o Bitcoin é postulante ao statuas de “ouro digital” devido à sua escassez programada e aos altos custos de mineração.

  Já o Ethereum é o pioneiro de um outro modelo de blockchain, baseado em contratos inteligentes, e é qualificado por muitos na comunidade cripto como a “nova internet”. Seu potencial está em plena fase de expansão, daí o seu potencial de valorização, diz Baraldo:

  “Ethereum é a blockchain com maior atividade e desenvolvimento no momento. Inovações antes jamais imaginadas estão sendo feitas nesta rede e ela parece estar no centro da gravidade da tecnologia blockchain. É um tipo de ativo novo, ainda pouco entendido em suas nuances criptoeconômicas, que ainda estão sujeitas a mudanças e atualizações.”

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Outras alternativas

  Baraldo e Saeter também analisaram outras opções de investimento como forma de proteção, ressaltando que a diversificação é fundamental em momentos de incerteza. Exposição ao dólar norteamericano é uma das sugestões de Saeter:

  “Dólar para lidar com o risco Brasil e também com fragilidades externas, já que em momentos de crise a tendência é que o dólar se fortaleça frente às principais moedas estatais, por movimentos do tipo 'fly to quality', quando investidores buscam opções ditas seguras como títulos do tesouro americano.”

  Além de sugerir a compra de títulos e moedas fortes (que não sejam de países emergentes) para reduzir a exposição às flutuações do real, Baraldo também considerou a renda fixa, dado o cenário de aumento das taxas de juros:

  “O uso de títulos atrelados ao IPCA também pode ajudar a reduzir um pouco a exposição à inflação local, mas sozinho não é suficiente para proteger o portfólio da instabilidade política”.

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